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Entrevista: César Santos

Entrevista: César Santos

O chef César Santos é considerado o embaixador da gastronomia pernambucana. Ao longo da sua vida, o cozinheiro já passou por vários países levando o sotaque e sabores do Estado. À frente do Instituto que leva o seu nome, Cesar fala sobre o projeto Riquezas da Mata Norte e a importância da valorização dos produtos da terra. Confira.

Qual o papel do Instituto César Santos na promoção da gastronomia pernambucana?

Ao longo de toda a minha vida na gastronomia, sempre fiz o possível para valorizar a cultura de Pernambuco. Com o instituto, o nosso objetivo é destacar ainda mais o que temos de melhor no Estado, tendo a gastronomia como principal caminho neste trabalho. Juntos somos mais fortes e entendo que dessa forma posso ajudar muita gente a ter a oportunidade de mudar de vida, desde os agricultores, por quem eu tenho um respeito enorme, até quem está dentro da cozinha transformando os produtos em histórias traduzidas em sabores. 

O Instituto surge para encurtar caminhos, fazer conexões, contribuir e desenvolver ações estratégicas. Acredito que todos saem ganhando nesse trabalho feito com tantos parceiros.

Como surgiu o projeto Riquezas da Mata Norte?

A sementinha do projeto veio da necessidade de valorizar uma região tão forte e que é tão pouco lembrada: a zona da mata norte. São 19 cidades, cada uma com a sua história e características peculiares. O desafio veio com o suporte do Sebrae-PE. Entendo que esse projeto vai mexer em vários pontos, como a autoestima das pessoas, a economia local e a valorização da cultura de cada município.

O projeto passou por um amadurecimento importante quando começamos a estruturá-lo. Inicialmente iriamos focar apenas nos restaurantes, mas percebemos a necessidade de incluir os agricultores, envolvendo a economia criativa. Afinal, para chegarmos ao produto final, nos restaurantes, existe todo um processo importante de plantio, colheita e distribuição dos insumos. São muitas famílias envolvidas e que precisam ter um olhar especial a fim de uma mudança real e positiva na vida dessas pessoas.

Considerando que a região é rica em cultura e protagonista na história de Pernambuco, o que você traz dela para a sua gastronomia?

Como já dito, o meu trabalho é carregado de referências pernambucanas. Hoje, muito do que utilizo vem da região da zona da mata, como frutas e verduras, mel… mas reforço que é preciso ainda muito trabalho de valorização e orientação aos agricultores. Em uma das minhas visitas, visitei uma agricultora que tinha um pé de limão siciliano e ela não conhecia a fruta. Colhia o limão ainda verde, por achar que quando ele amarelava não servia mais. É um lugar de solo fértil e que tem muito a nos oferecer, mas, volto a dizer: é preciso olhar com mais carinho para a região.

O que você considera a principal riqueza da Zona da Mata Norte?

Os agricultores e agricultoras. Todo o meu carinho e respeito. Afinal, como eu vou fazer a minha moqueca sem as frutas que eles cultivam? Ou a cebola roxa do meu ceviche? O trabalho do cozinheiro existe graças ao agricultor.

Como está sendo a receptividade com o projeto nas cidades visitadas?

Com todo esse tempo em que passamos parados por conta da pandemia, as pessoas estão felizes com a oportunidade de vivenciar novas experiências. Estamos sendo muito bem recebidos por onde passamos e acredito que seja apenas o primeiro passo para um novo momento na vida de todas as pessoas que passarão pelo projeto. É tempo de valorizar e de levantar a autoestima de todos os envolvidos.

Qual o papel do Sebrae-PE neste projeto?

É um grande parceiro e de extrema importância para que o projeto exista. O Sebra-PE nos dá o suporte e juntos levamos para a região experiências e mecanismos para que o público-alvo do projeto seja assistido por profissionais capacitados e, a partir de oficinas e tantas outras atividades, a realidade dessas pessoas seja transformada e um novo capítulo seja iniciado na história da região. Que sorte a nossa de ter tantas riquezas por perto!

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